Deusa do Ébano: uma festa especial para a beleza negra
28.1.23O sábado será de festa no Curuzu. O Ilê Aiyê escolhe sua nova Deusa do Ébano na 42ª edição da Noite da Beleza Negra. E desta vez, a festa, novamente com direção geral de Elísio Lopes Jr., terá uma novidade: as 14 concorrentes vão, pela primeira vez, dar um depoimento se posicionando sobre questões sociais e envolvendo negritude. Isso, claro, terá um peso na escolha da nova Deusa, ao de critérios como a beleza e a dança.
As 14 mulheres deram uma entrevista à jornalista Val Benvindo, que conhece bem o Ilê. O público vai ver nesta noite um compilado desses depoimentos, que vai dar ao júri uma amostra do que as candidatas pensam sobre diversos temas.“Fizemos uma seleção do que elas disseram nas entrevistas para conhecê-las melhor. E essa é uma novidade importante, porque a escolha não vai se restringir a critérios estéticos. Pela primeira vez, vamos ouvi-las”, festejou Elísio no café da manhã que reuniu a imprensa na Senzala do Barro Preto, onde também acontecerá a festa.
A noite será marcada também pela homenagem ao centenário de nascimento de duas personalidades negras históricas: o angolano Agostinho Neto (1922-1979) e a baiana Mãe Hilda Jitolú (1923-2009).
A ialorixá tem papel essencial na história do Ilê, como lembra seu filho, Vovô, fundador da instituição, que mais que um bloco de Carnaval, é hoje uma importante associação cultural: “Ela foi a grande parceira do Ilê e, se não fosse ela, não haveria nada que a gente está vendo aqui. Desde o início do Ilê, em 1974, ela participou e sempre cedia o espaço dos terreiros para as nossa reuniões”, recurda Vovô.
Neste sábado, o público vai ver uma cena estrelada por Sulivã Bispo, criada especialmente para esta noite pelo próprio ator e por Elísio. “Contamos um pouco da história de Mãe Hilda nessa cena através de Koanza, personagem de Sulivã. É uma saudação à memória dela e abre caminho para a homenagem que faremos”.
Agostinho Neto foi médico, escritor e político e lutou pela libertação de Angola, tendo sido guerrilheiro e diretor do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Na encenação que será apresentada, o ator Diogo Lopes Filho vai recitar textos de Agostinho. A ex-secret[aria de Cultura Arany Santana vai fazer uma participação, em seu retorno aos palcos como atriz.
Além da anfitriã Band’Aiyê, a noite terá ainda o som da Afrocidade, banda que mistura variadas expressões da música negra internacional, como reggae e afrobeat com elementos baianos, como arrocha e pagode. Tudo isso, com letras politizadas. Também haverá um reencontro marcante, realizado especialmente para a festa: o trio As Sublimes, formado por or Isabel Fillardis, Lilian Valeska e Karla Prietto, está se reunindo a pedido de Elísio. Nos anos 90, o grupo fez muito sucesso com a canção Boneca de Fogo. Não lembra? Vai no YouTube, que logo você vai reconhecer.
Senzala do Barro Preto (Curuzu). Ingressos? R$ 200| R$ 100 (pista) e R$ 300 (camarote).
FONTE: Correio
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