O pau do periquito
26.1.22Vivi e aprendi a ser um homem num lugar encantado que era o Campo da Pólvora.
Ali vi tudo que a vida precisa, para um desenvolvimento sadio. Aprendi que os obstáculos da nossa existência devem ser ultrapassados com malícia e inteligência. Quantas coisas aprendi nessa escola. Claro que, na melhor época de minha vida, tive que avançar e recuar muitas vezes. Quantas pessoas conheci, quantos amigos fiz e como foi proveitoso. Mas minha alma de pierrô (não é, Valtinho Queiroz?), não me permite muita seriedade.
Portanto, vamos a mais uma peripécia, acontecida nesse lugar mágico.
Seguinte: existia defronte ao fórum Rui Barbosa um banco gigantesco, onde casais de namorados se sentavam para namorar. Mais ou menos dez metros, dava pra muita gente.
Alguém então sacou uma sacanagem, digna das pegadinhas de hoje.
Não sei qual dos moleques então criou. Comprou pólvora e, antes que os enamorados fossem chegando e ocupando seus lugares, espalhou um rastilho ao longo e embaixo do banco.
Quando a lotação estava completa, sentado numa das extremidades, ateou fogo. Amigo, a pólvora em combustão, fez um estrondo sequencial.
Não ficou um casal sem correr, sem saber o que era aquilo.
Nem no São João se viu um sucesso igual.
Por isso, quando for na morar em um banco, primeiro olhe bem pra não morrer de susto.
Aliás, pólvora é perigoso desde que o chinês a inventou.
Ruy Botelho.
IMAGEM DE CAPA: Raul Golinelli/GOVBA
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