A notícia do vestibular
19.1.22Todo garoto que começa a virar adolescente, pelo menos na minha época, pensa em ter um carro.
A idade já exige e por vários motivos. Quem tinha carro, levava uma vantagem enorme. A conquista da paquera, a ida à praia, boates, festas e tudo mais eram dourados com a propriedade de um bólido.
Elas comentavam entre si: "Ele tem carro". Pronto, lá ía uma pretendente perdida.
Por tudo isso, e como eu não era diferente de ninguém, sofria desse mal até os 17/18 anos.
Já não valia mais as roubadas - no bom sentido - do carro do pai, porque, às vezes, não dava pra conseguir.
Chegou a hora do vestibular e era muito comum a seguinte promessa.
- Se você passar no vestibular, vai ganhar um carro.
Meu pai fez essa promessa numa roda de amigos. Aí, acendeu uma lâmpada e pensei rápido. A hora é essa de aproveitar a emoção do momento e saquei uma devolução de promessa, invertendo a posição.
Disse na vista de todos. "Prove que tem confiança em mim e me dê antes, não vou perder vestibular não".
Pra minha surpresa, e emoção maior do que passar, ele na hora disse: "Ok, fique com o meu" e em ato contínuo me entregou as chaves daquele que seria meu primeiro carro.
Quando a ficha caiu disse pra mim mesmo: e agora? Se eu perder, vou ter que devolver o carro e volto pra estaca zero .
Já pilotando meu próprio status, porque ter carro aos 18 anos era um diferencial retado, e como o velho tinha comprado outro carro pra ele, o medo aumentou .
Dia 31/12, revéillon do Baiano de Tênis (que minha mãe chamava de ASA NEGRA kkkkkkkk), terminou na festa da boa viagem até o dia amanhecer. Com sol de quase 12h, voltei pra casa morto de tudo, com um sono de dormir uma semana .
Fernandinho, meu primo - a mãe dele era gêmea da minha - foi dormir lá em casa e apagamos no meu quarto.
Não tínhamos nem dormido meia hora e meu pai adentra ao cômodo e com um jornal na mão, grita: acordem!!!! Tomei um susto e irritado falei: "Pô, meu pai, deixe a gente dormir, cacete".
Aí ele disse a frase que motivou escrever esse texto: "Acordem, por que não sei COMO, mas vocês passaram no vestibular". Claro que o sono foi embora na hora.
Como sempre o samurai lá de casa, Lurdes Preta fiel e cuidadora de todos nós, disse: "Que bobagem, Júlio, eu sabia".
Fantástico.
Ruy Botelho.
IMAGEM DE CAPA: Carro foto criado por wirestock - br.freepik.com
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