Ponto de vista: Museu Aleixo Belov

17.6.21


Para a amiga bielorrussa Hanna Senichava!

No domingo e terça-feira passados, realizamos dois encontros memoráveis: um com o Museu Aleixo Belov, o outro com o Antiquário Itamar Musse, ambos caracterizados por marcante excepcionalidade, líderes inquestionáveis em suas respectivas áreas, notáveis, ainda mais, por estarem sediados em Salvador e serem de exclusiva iniciativa privada. Um sopro de esperança num ambiente de desencanto!

O Museu Aleixo Belov, instalado em belo e amplo casarão  no Largo de Santo Antônio, além do Carmo, na região do Pelourinho, abriga o pequeno veleiro Três Marias, no qual o Engenheiro Naval Aleixo Dimitrievitch Belov, baiano nascido em Merefa, na Ucrânia, em 1943, deu as primeiras três das cinco voltas marítimas ao redor do Mundo, a primeira das quais, em solitário caráter pioneiro, nas terras de Pindorama, como foi atestado pela Marinha Brasileira. Seu feito original está registrado no primeiro dos oito livros que já escreveu, narrando sua marcante saga marítima, A volta ao mundo em solitário.

Antes de chegar ao Brasil, em 1949, os pais de Aleixo, o agrônomo Dimitri e a médica Zinaida, estiveram, sucessivamente, na Polônia, Alemanha e Itália, acompanhados, ainda, da genial primogênita Olga, dois anos mais velha do que Alexey, nome de batismo de Aleixo. As duas últimas voltas, Aleixo as realizou a bordo do Fraternidade, veleiro de 22 metros de comprimento, especialmente construído para ser escola de treinamento de seus sucessores no mar, novos navegadores, biólogos, engenheiros e cineastas, oriundos de toda parte.

Formado em Engenharia Civil pela UFBA, Aleixo tem uma das mais conceituadas presenças no campo da Engenharia Naval do País, como fundador e dirigente de bem sucedidas empresas, que atuam, com reconhecido êxito, em todo o Território Nacional.  

Dono de uma biografia romanesca, Aleixo ora se dedica a consolidar a perpetuação do seu excepcional legado, ancorado no Museu que leva o seu nome, a ser inaugurado tão logo cessem os temores da corrente pandemia.

No último domingo, na companhia do conhecido administrador e ambientalista Eduardo Athaíde, líder do movimento para fazer da Baía de Todos os Santos a Capital da Amazônia Azul, território molhado brasileiro de quase cinco milhões de km², percorremos, peripateticamente, o trecho Corredor da Vitória, Museu Aleixo Belov, no Largo de Santo Antônio, onde tivemos o privilégio de ser recebidos e guiados pelo próprio Aleixo, em sua minudente explicação do conjunto de cada uma das inúmeras e ricas peças dos lugares por onde andou, que compõem este novo e excepcional espaço para o encanto e usufruto da humanidade da Bahia, do Brasil e do Mundo. Nada, absolutamente nada escapou ao aguçado olhar dessa rocambolesca  personalidade baiana, admirada em todo o Planeta. Sequer faltou a sensibilidade para criar um espaço de lazer, comes e bebes, ao lado do Museu, debruçado sobre o mar, com que ensejar aos seus visitantes o reparador descanso e relaxamento da saudável canseira de inteirar-se da rica memória planetária exibida ao redor da modesta e histórica embarcação que abrigou o sonho audaz desse Bartolomeu Dias ou Vasco da Gama da modernidade.

A intolerância oficial, não raro servida pela ignorância ou má -fé, esteve presente para impor o corte da ponta do mastro central, impedindo-o de assinalar sua presença em contato com o azul dos céus, à guisa de um poético mar aéreo, por iniciativa de funcionários paroquiais do IPHAN, acometidos da conhecida síndrome do “poder de veto das pequenas otoridades”!

O Museu Aleixo Belov passa a ser o novo grande marco do turismo brasileiro na Bahia.

O extraordinário Antiquário Itamar Musse, no Rio Vermelho, é tema para outro comentário!


Por Joaci Góes



PUBLICADO EM: Tribuna da Bahia - 10 de junho de 2021

IMAGEM DE CAPA: Divulgação


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