Norberto Odebrecht

4.11.20



Ao eminente amigo Emílio Odebrecht, sucessor de NO! 
Neste 09 de outubro, o mundo empresarial brasileiro celebra o centenário de nascimento de um dos seus maiores vultos, na pessoa do engenheiro baiano, nascido em Pernambuco, Norberto Odebrecht, que nos deixou em julho de 2014, numa semana em que o País perdeu, também, no intervalo de cinco dias, entre os dias 18 e 23, Plínio de Arruda Sampaio, João Ubaldo Ribeiro, Rubem Alves e Ariano Suassuna. Acredita-se que aquela tenha sido a semana que concentrou o desaparecimento do maior número de notáveis da vida brasileira. A maior cota de perda ficou com a Bahia, que, de um dia para o outro, além do seu maior empresário, perdeu o seu mais festejado escritor, também meu fraternal amigo João Ubaldo Ribeiro.

Quem conheceu de perto Norberto Odebrecht, como eu conheci, sabe de sua vida espartana, avessa aos convescotes de coluna social, inteiramente dedicada ao trabalho e ao aperfeiçoamento de métodos produtivos avançados, na linha de Joseph Schumpeter, que aconselhava a coragem de descartar os modelos obsoletos, “destruição redentora”, para colocar em seu lugar projetos inovadores, compatíveis com as demandas dos novos tempos.
 
Em Norberto, Benjamin Franklin encontraria a síntese do homem ideal, na dedicação ao trabalho, na parcimônia dos gastos, na inteligência superior e na humildade diligente, poderoso instrumento da liderança que exerceu, culminando com o desenvolvimento de um dos maiores complexos empresariais do Continente Sul-Americano, consoante os princípios constantes n´A Tecnologia Empresarial Odebrecht, de largo uso dentro e fora do Brasil, por ele desenvolvida, a partir das lições do papa da moderna administração, Peter Drucker, cuja obra foi alvo constante de memoráveis conversas que mantivemos, sobretudo, ao ensejo dos nossos almoços semanais no Rotary Clube da Bahia, em que ele exercia a função de entregador do boletim do Clube, para o que circulava de mesa em mesa, cumprimentando cada um de todos os “companheiros.” 
 
 Norberto liderou com o discurso e com o exemplo, mais com o exemplo do que com o discurso. Difícil encontrar entre os quase duzentos mil colaboradores que chegou a ter, no conjunto das atividades multinacionais de suas organizações, quem se colocasse mais distante do que ele da pompa, da pretensão ou da arrogância que tão facilmente inebriam os detentores de poder. Um dia, marcamos para almoçar em conhecido restaurante, para tratar de assunto particular. Corria a década de 1980. Lá chegando, ele me confidenciou:- Você acredita que esta é a primeira vez que saio para almoçar fora? Em outra ocasião, deu-me carona do Clube Baiano de Tênis ao meu escritório, na Av. Luis Viana Filho, bem perto de onde, vários anos depois, a CNO construiria sua atual sede. Em resposta à minha observação sobre a singeleza do seu carro, por ele dirigido, observou que só os funcionários menos graduados da Odebrecht possuíam veículo semelhante.

 A continuidade operacional do complexo que Norberto criou e expandiu, com filhos e netos, interessa à sociedade brasileira que não pode se dar ao luxo de perder o rico acervo de saberes que encerra. O transcurso do seu centenário impõe aos baianos - governo, entidades de classe e sociedade-, o dever de liderar as ações destinadas a conduzi-lo ao Panteão dos grandes da Pátria, objeto permanente de estudo e fonte de inspiração para as gerações de hoje e de sempre.


Por Joaci Góes



PUBLICADO EM: Jornal Tribuna da Bahia - 09 de outubro de 2020

IMAGEM DE CAPA: Fundação Odebrecht


      


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