História: chafariz do Terreiro de Jesus
9.10.20O chafariz dedicado à deusa Ceres, no Terreiro de Jesus, de 1856, é uma versão engrandecida da fonte que ganhou a medalha de ouro na Exposition Universelle de 1855 de Paris. Mas a de Salvador é mais bela, mais sofisticada e do mesmo autor: o escultor francês Mathurin Moreau, que a forjou na lendária Fonderie d'Art de Val d'Osne. Ao vir oficialmente inaugurá-lo, em 1859, Dom Pedro II ficou impressionado com a beleza do Chafariz da deusa Ceres e, posteriormente, encomendou chafarizes para o Rio de Janeiro do mesmo autor.
Esse chafariz neoclássico, de extraordinária elegância, foi inaugurado no Terreiro de Jesus, em oito de dezembro de 1856, dia de N.S. da Conceição da Praia. A data é referida pelo presidente da Bahia, o desembargador J.L.V. Cansansão de Sinimbu, em sua Fala à Assembleia Legislativa, em 1º de setembro de 1857.
Começou a ser instalado possivelmente em 1855, o mesmo ano referido por Manoel Querino, em que o chafariz da Praça do Comércio começou a ser instalado.
Fazia parte do ousado sistema de águas do Queimado, o primeiro sistema de água encanada do Brasil. Com bombeamento à vapor, foi o primeiro sistema de captação, tratamento e distribuição de água encanada potável do Brasil. Incluiu 22 belos chafarizes espalhados pela Cidade. Sua inauguração ocorreu conjuntamente com outros chafarizes, como o da Água de Meninos, o da Praça do Comércio, o do Largo do Theatro e o da Piedade.
Foi construído para o fornecimento de água à população, com um encanamento que se estendia inicialmente até o Convento de São Francisco. A água do Sistema do Queimado era capaz de subir 11 metros e 5 cm acima do adro da Catedral. Foi confeccionado em ferro fundido e mármore de Carrara, na antiga Fonderie d'Art du Val d'Osne. O chafariz possui sete metros de altura e está assentado em uma base de mármore circular, com 15 metros de circunferência.
Suas alegorias representam riquezas e características da Bahia. É encimado por uma escultura de Ceres (veja referência ao lado), deusa da fertilidade e da abundância agrícola. A base de seus pés é adornada com taboas, planta da família das tifáceas, comum no Brasil. Embaixo da primeira bacia de ferro fundido estão quatro meninas de mãos dadas. Mais embaixo, está uma bacia poligonal ornada com delfins, guirlandas e conchas marinhas. As esculturas da base (duas de entidades femininas e duas masculinas) representam os quatro principais rios da Bahia: Jequitinhonha, Paraguaçu, Pardo e São Francisco. Essas esculturas são do artista francês Mathurin Moreau, que chegou a dirigir, por algum tempo, a fundição Val d'Osne.
Em 1858 ou 1857, uma fotografia de Victor Frond, registrou sua imagem pela primeira vez. Em 1859, sua beleza foi elogiada pelo Imperador Dom Pedro II.
Esse modelo de chafariz foi apresentado na Exposição Universal de Paris (sem a escultura de Ceres), onde recebeu medalha de ouro. As esculturas dos rios representavam originalmente o deus Netuno, as nereidas Galateia e Anfitrite, e o pastor Ácis.
Entre os cerca de 20 chafarizes conhecidos, de modelos similares ao de Salvador, espalhados pelo mundo, o do Terreiro de Jesus é o mais antigo e o mais completo. Dos cerca de 22 chafarizes que existiram em Salvador, pelo menos três ou quatro eram da Val d'Osne. A fonte da Piedade e o Monumento a Colombo, no Rio Vermelho, possuem outros conjuntos de esculturas de Mathurin Moreau, originários de outros chafarizes.
Jonildo Bacelar
INFORMAÇÕES E PUBLICAÇÃO ORIGINAL DISPONÍVEIS EM: Guia Geográfico
IMAGEM DE CAPA: Guia Geográfico
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