Bacalhau do Jardim das Delícias, no Pelourinho, em Salvador - Bahia
21.7.20Da Praia do Forte, em Mata de São João, ao Pelô, em Salvador, Centro Histórico. Em tempo de férias, nada melhor do que essas andanças, mesmo com alguns problemas básicos ao turista que se encontra nesse sítio.
Ainda assim, o Pelourinho é uma festa, uma maravilha. Se Salvador tem sua alma, o Pelô tem a benção kardecista, tanto que a sede dos espíritas dessa linha francesa está instalada numa de suas ruas.
É a alma e ao mesmo tempo o coração da cidade, a cara histórica da Bahia, com suas lendas, igrejas, ruas e becos calçadas em pedras irregulares, figuras populares, vendedores de todo tipo de souvenir, a garotada do Olodum dando uma canja, o barroco, os santos, os berimbaus, as batas de Goya Lopes, enfim, uma benção de São Domingos de Gusmão, santo que tem uma das mais belas igrejas do Terreiro de Jesus.
Subimos e descemos ladeira, yo, a senhora Bião de Jesus, mi nieta Lua e dona Antonia, a vovó que está atenta aos passos e peraltices da pequena. E, claro, depois de tantas fotos e poses, a compra de um berimbau e de um pandeiro do Olodum, estacionamos no Jardim das Delícias, a ex-casa de Ana Almeida, que não tem mais o charme do passado recente, mas ainda serve uma boa comida.
Vale, no entanto, como o próprio nome diz, o jardim do casarão com suas plantas e arcadas a céu aberto, onde ocupamos uma mesa ao som do pandeiro tocado por Lua, já ensaiando passos de samba reggae do Olodum, que ouvíamos ao longe, no ritmo da garotada black baiana.
– Sambar é muito difícil, minha sobrinha – ajuizou a tia.
– Ah! mas eu sei. Veja aqui, tia – esnobou Lua com seus passos desajeitados.
A gelada já circulando na mesa, dona Antonia se invocou e pediu uma caipirinha com caninha Itajubá. Pois dito, assim, com essa animação, emendou o pedido de uma moqueca de badejo, pois se tal fartura estava a faltar na casa do genro, iria à forra no Jardim das Delícias.
Mais comedidos estávamos yo e a señora Bião, que optamos um bacalhau à moda portuguesa, mais light, e mi nieta, do alto do seu sabor gastronômico, optou por um filé aperitivo, desde que não tivesse sauce e molhos afins.
Tarde gloriosa.
– Minha vó está suando – advertiu Lua à tia, que olhou à mamãe se deliciando no pirão e moqueca do badejo.
– Está uma delícia e mais não como todo porque estou bem satisfeita e de regime – respondeu, adicionando um gole de caipirinha.
Diria que não sobrou muita coisa, salvo o laminado que protegia o bacalhau, de bom sabor, embora as batatas não estivessem no ponto desejado, e o arroz branco, meio insosso.
Depois, saímos pelas ruas do Pelô, nos divertindo, yo a tocar um berimbau e Lua o pandeirito com a marca do Olodum.
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Restaurante Jardim das Delícias
Rua Maciel de Cima, 12 – Pelourinho
Centro Histórico de Salvador
- Bacalhau à moda portuguesa: R$ 87,00 para dois
- Moqueca de Badejo: R$ 46,00
* Não tem ar condicionado
* Área dos jardins é bem arejada
Crônica originalmente publicada em jan 2013
Tasso Franco, Serrinhense, é jornalista, escritor e músico, autor de diversos livros de crônica, contos, história e ficção, em especial "Lobisomem de Serrinha - Conselheiro da República", "Lisboa como você nunca viu, a Pensão do Amor" e "Dom Francoquito, 96 restaurantes ao redor do mundo", do qual extraímos este texto. Escreve no wattpad e em seu site Bahia Já, e gentilmente compartilha conosco este texto.
Link da publicação original: https://bahiaja.com.br/cultura/noticia/2020/07/20/bacalhau-do-jardim-as-delicias-no-pelourinho-de-salvador-da-bahia,127264,0.html
IMAGEM DE CAPA: Reprodução WEB
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