ARTIGO - Mercado Publicitário da Bahia

6.7.20



Mercado Publicitário na Bahia – perspectivas e caminhos para o desenvolvimento da publicidade*


Vivendo por cerca de dez anos no Rio de Janeiro, 1986/95,  constantemente ouvia de publicitários comentários como:

- o Rio de Janeiro não tem mercado para tantas agências;
- o verdadeiro grande anunciante está em São Paulo;
- na Bahia se faz a propaganda mais criativa do país, mas se o baiano não for para São Paulo, não aparece;
- aqui você tem um pequeno número de grandes redes de supermercados, shopping centers, lojas de eletrodomésticos e moveis, construtoras, governo,  poucas industrias de produtos de consumo, e só;
- é um abre e fecha de agências;
- as grandes agências foram embora para São Paulo ...

E assim por diante.

Recentemente, conversando com minha filha que mora no Rio, Clarissa, redatora  nota 10 do escritório do Rio de uma grande agência  (nossos comerciais por favor!),  ouvi mais ou menos a mesma coisa com algumas modificações:

- grandes agências estavam abrindo escritórios  no Rio;
- parques temáticos, festivais de música, e principalmente empresas de telefonia e internet, estavam agitando o mercado,  algumas delas com decisão e investimento local;
- novos anunciantes no mundo da web; e apesar disso, o número de recém formados em comunicação (na área de publicidade e propaganda) aumentando violentamente e engrossando o cordão dos desempregados, e sem o 1º emprego, etc.

Convivo com excelentes profissionais da propaganda da minha terra, e, ouço também mais ou menos a mesma coisa. Só que, aqui estão sendo buscadas constantemente alternativas para a mudança desse cenário, através de iniciativas de algumas das nossas excelentes agencias abrindo filiais em outros Estados, e com  Associações e Sindicatos do setor  desenvolvendo esforços no sentido de  buscar  novos anunciantes, incentivados por premiações como  Top de Marketing e Top Web da ADVB-Ba,  Top of Mind, da Marketing Consultoria,  Forum de Propaganda da ABMP, sites de excelente qualidade das agências e associações, etc.

A chegada de fortes grupos comerciais e industriais de outros estados ou países abre novas e reais possibilidade de alianças/parcerias, entre as grandes agências detentoras das contas nacionais e as nossas, para atendimento de necessidades  locais ou regionais. 

A  conquista total de novas contas nesse nível me parece bem mais complicado , porém a parceria é um caminho que,  caso não seja percebido e prospectado com vigor, fará com que a concorrência local, já grande, aumente mais ainda com a abertura de filiais das nacionais.

Acredito muito na criatividade, talento, disposição para o trabalho e experiência dos nossos profissionais, e arrisco a imaginar que muitas soluções aparecerão para dinamizar o nosso mercado publicitário, apontando talvez algumas áreas que podem ser desenvolvidas, sem prejuízo para aquelas já existentes:

  • Campanhas por segmentos. Exemplo: consórcios de carros - reunindo todas as empresas da Bahia sustentada por um “selo de garantia” -.(É da Bahia. É de Confiança! É nossa!);
  • Campanhas cooperativas de ruas, avenidas, bairros ou subúrbios: Ex.: Carros usados de qualidade é no Bonocô!;  Material elétrico é na Calçada!;
  • “Envelopamento” de taxi, ônibus e futuramente metrô;
  • Com a chegada da banda larga da Internet, o “porre” que hoje é navegar, ficará tão fácil, que até filmes com qualidade assistiremos. Aí vale uma parceria das agências com empresas especializadas em compra/venda de espaços na web, para termos a audiência medida com a precisão que não temos hoje, e o “tiro” ser certeiro. Os sites locais/regionais amplamente divulgados, terão sem duvida um belo futuro;
  • Incentivo a projetos culturais, ida ao teatro, etc, unindo no mesmo barco, veículos, governo, teatros, restaurantes, agências de viagens, etc.;
  • Vender a Bahia e seus produtos,  também para os baianos;
  • Estimular clientes a associarem a idéia de lucro com retribuição de parte à sociedade, participando de campanhas educacionais, voltadas para a formação do futuro cidadão, sua segurança pessoal  e dos seus semelhantes, enfim, sua qualidade de vida;
  • Atenção especial ao segmento de promoções de vendas.

Ouvi do  amigo Fernando Portella que São Paulo tem a grana, o Rio, o palco, e a Bahia É, em termos de cultura.

Por aí: cultura, felicidade, estímulo aos valores da nossa terra, temperados com  competente utilização dos veículos tradicionais e novos, treinamento, capacitação e constante atualização dos nossos profissionais,  tudo isso apoiado no crescimento e melhoria na qualidade de vida e na estrutura do nosso Estado.

Teremos uma boa pista para andar. Ou correr!

Rubem Passos Segundo

PS.: Embora frustrado, não sou publicitário.


* Artigo publicado originalmente na Revista Meio & Mensagem de março de 2001

IMAGEM DE CAPA: Reprocução WEB

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